20.6.11

"Enivrez-Vous"

Há dias em que acordamos e só queremos voltar atrás. Acabar com a dor, com o nojo, o podor, a doença, o drama, a tristeza, a saudade, a culpa e a confusão de toda uma noite replecta de loucuras que tão surrateiramente acabam com a vida tal como ela é.
Depois desses dias vem o pior. O sangue, a delinquência, a depressão, o desespero. Chegas a um ponto em que já nada faz sentido e parece que tudo que havia para perder já foi perdido e que a única solução é... morrer. (?)
A tua cabeça anda à roda, as lágrimas são a única coisa que marca a tua expressão magoada e "cega" que só deseja voltar atrás no tempo. Lês poemas de Boudelaire e pensas que a sua obscuridade é tão naturalmente bonita. Queres escrever assim. Queres dizer ao mundo, tal como ele diz "Enivrez Vous", mas sabes que só o farias para não te sentires sozinha. Porque tu sim, o fazes com frequência. Tu sim, és o problema de tanta loucura e tantos delitos. Chegas até ao ponto de pegar  numa ampulhe ta de plástico, com grãos finos de uma areia rosa tão peculiar, e abaná-la para trás gritando "Volta! Volta! Volta!"
Adivinha? Ele não volta! Vais apenas ter que encarar os dias tal como eles são. Com dor no peito, demência na cabeça, lágrimas nos olhos e cigarro na mão. Encaras mais um dia. Um de cada vez. Vives. Limitas-te a viver. Mesmo que não seja por ti. Mesmo que seja só por ela. Mas vives. Mais um dia. Por alguém.

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