29.4.11

Maçã vermelha

Apenas eu sei tudo aquilo pelo qual já passei e ela, "inocentemente", nunca reparou nem nunca quis reparar no meu sofrimento interior que deixou marcas e marcas e marcas em mim. Apenas eu sei tudo aquilo que já senti naqueles dias de desespero em que nada me fazia sorrir, mas nos quais um abraço seria perfeito, mas ela nunca me abraçou. Apenas eu sei o que sinto quando vejo a indiferença nos seus olhos ao olhar para mim. Apenas eu sei tudo o que se passa nestas quatro paredes. Apenas eu sei bem quem ela é.
Eles dizem que sabem o que ela sente. Eles dizem que ela está arrependida. Eles dizem que agora ela se preocupa. Eles dizem que agora ela quer saber de mim. Eles dizem que ela, por apenas uns momentos, se esqueceu que eu existia. Eles dizem que eu a devia perdoar, mesmo sabendo que ela nunca me pediu perdão. Eles dizem que eu lhe devia dar uma segunda oportunidade.
Ela diz que eu sou uma inútil. Ela diz que nada do que faço é bom. Ela diz que a minha vida não presta. Ela diz que dramatizo tudo. Ela diz que eu devia pensar.
Eu peço desculpa. Eu tento dizer as verdades. Eu estou presa. Eu sufoco. Eu morro a pouco e pouco. Eu já não me conheço. Eu não tenho reflexo no espelho. Eu não aguento mais. Eu não sou forte. Eu preciso de alguém que não me deixe cair. Eu preciso de alguém que me apanha antes de bater no chão. Eu preciso de alguém que me impeça da destruição.
Eu preciso de alguém que me impeça de morder a maçã...

Quem sou eu?

Quem sou eu?
Uma rapariga sonhadora, de cabeça confusa...


Quem sou eu?
Aquela que grita sozinha, num quarto fechado...


Quem sou eu?
A que não aceita aprender e opta por bater com a cabeça...


Quem sou eu?
Alguém que faz tudo por tudo, para tudo... 


Quem sou eu?
O ser que apenas ouve o coração e deixa a cabeça a descansar...


Quem sou eu?
A sombra da vida de alguns e a luz da vida de outros...


Quem sou eu? 
A que depende dos outros e deixa que dependam dela...


Quem sou eu?
Um ser normal, dentro da anormalidade de todos os outros...


Quem sou eu?
Eu sou... o que quiseres que eu seja, dentro dos possíveis do que eu possa ser...


Quem sou eu?
...

27.4.11

Pensa como eu

Deixo-me cair na cama e todas as noites acontece o mesmo. 
Todas as noites penso. Penso em tudo e não penso em nada. Penso em mim, penso em ti, penso em nós. Penso neles, naqueles, nos outros. Penso no passado, penso no presente, penso no futuro. Penso no que quero fazer mas não faço, penso no que aconteceria se o fizesse. Penso em quebrar todas as regras da sociedade, realizar todos os meus desejos e matar a minha sede de... ti. Penso em correr riscos, viver aventuras. Penso em dramas, histórias, filmes e tramas que transcrevo para a realidade. Penso em como morro por dentro ao pensar nisto tudo. Penso em como o meu coração bate mais forte e a minha respiração se torna cada vez mais difícil.
Penso em mim, penso em ti, penso em nós e ... adormeço a pensar assim.

21.4.11

Feliz =D

Pediste-me um texto feliz e eu disse que te iria escrever. Pois bem, aqui tens o teu texto feliz.

Por entre as folhas verdes das cerejeiras, uma menina de cabelos dourados, usando cerejas como brincos, dança ao som da música que sai do seu pequeno rádio cor-de-rosa. Ela anda à roda, à roda, à roda... E sorri. Sorri para as flores que lhe dizem bom dia, para os pássaros que cantam com ela, para as borboletas coloridas que esvoaçam por entre os seus cabelos.
De repente pára, olha para o chão e no meio de todo aquele verde encontra um pequeno coração de rubi. Pega nele e admira-o. Oh... Como é belo aquele coração. A menina, que tinha uma corrente de prata ao pescoço, prende o coração nesta mesma e sente-se... bela. Os seus cabelos brilham ainda mais, os seus olhos azuis tornam-se ainda mais translúcidos e a sua pele branca confunde-se com porcelana. 
Como o sol radioso se estava a pôr, a menina, metendo na sua boca o último rebuçado amarelinho, voltou para casa e mostrou à sua avozinha o seu novo coração.

Pronto, aqui tens o teu texto feliz.
E enquanto esta linda menina fazia isto tudo, eu estava na puta da minha sala, sentada na merda do meu chão a pensar como a puta da vida minha é uma puta d'uma bela merda! 
Mas, pronto, o que interessa é que o texto seja feliz, NÃO É?!?!?!?! 

19.4.11

Sinto...

Um nó no estômago que me impede de comer. Um tremor nas mãos que torna difícil escrever. Uma fraqueza que não me deixa raciocinar. Um medo enorme de ... bem.
Medo de te perder, medo de nunca te chegar a ter, medo de tudo o que eu possa fazer. Medo de não ser forte, medo de desiludir, de não ser quem se espera, de ser sempre a segunda escolha. Medo de não ter valor, medo de não ser nada mais que uma sombra. Medo de... nem sequer existir. Medo de não ser o especial de alguém, o outro de alguém, "aquele" de alguém. Medo da incompreensão, da rejeição, da tristeza que todos os dias se lembra de visitar e de despertar as lágrimas que, agora mesmo, se estão a deixar cair.
Todos me diziam que era forte e lutadora e talvez até persistente. Mas isso, isso era só o que os outros diziam. Eu era fraca e uma perdedora e desistia. Desisti de mim, da felicidade, da compreensão... Desisti de ajudar, de falar, de ser quem era.
Quer dizer... eu tinha desistido, vivia na sombra do conformismo. Via os dias passar e esperava sempre ansiosamente o meu último. Até que... Até que, agora, talvez tenha que admitir que os outros têm razão.
Agora não desisto. Não desisto de ti, de mim, da vida. Não desisto de ser a tal, a outra metade, a razão. Não deixo que me tirem o que quero, mesmo que o não o tenha, mas deixo não deixo que me tirem.
Posso não ser a felicidade em pessoa, o orgulho em pessoa, um exemplo de pessoa, mas desta vez vou lutar até ao fim. Era capaz de tudo para te ver bem. Sei que talvez tenha a felicidade comigo, escondida numa caixinha dentro das gavetas do meu ser. Ela está lá, é quereres abrir. Eu estou aqui à espera.
O que sinto? Nervosismo,  medo, receio, amor... E... (talvez)... Sinto a felicidade a bater-me à porta, para que eu a deixe entrar e ficar e viver comigo... Tudo isto, enquanto que... Eu.. Bato à porta de outra pessoa.
Porque se o sentimento for muito forte e pensarmos muitas vezes no que queremos, acaba sempre por acontecer.

17.4.11

Um ser estranho

Estou sentada no chão, em cima de um tapete cor-de-rosa, igual às minhas paredes. Eish... O meu quarto é tão piroso. Paredes cor-de-rosa, tapete cor-de-rosa, cama preta com lençóis verde alface às riscas brancas, secretária branca e umas caixas cor-de-rosa todas destruídas que guardam ... chapéus.
O meu quarto pode ser uma confusão, pode ter livros e roupas e filmes e cds espalhados por tudo quanto é sítio, pode ate nem ter muita luz ou ser muito grande, mas a verdade, é que é o meu refúgio neste "mundo" de pessoas ditas normais que me fazem sentir um bonequinho e que pensam que podem fazer comigo o que quiserem. 
Tomam-me como doida, maluca, delinquente... Dizem que não sou normal, que fui um erro... Não me dão atenção e nem parecem reparar que eu, este bonequinho, tenho sentimentos...
Lá por eu sentir as coisas de maneira diferente, lá por eu absorver as emoções mais intensamente que os outros, lá por eu fazer coisas que mais ninguém faz como fixar as pessoas nos olhos durante horas e horas e horas... lá por eu fazer tudo isso e muito mais não sou maluca. Ou sou?
Não acham que estas pessoas, em vez de me dizerem para criar amiguinhos imaginários para ser independente, ou para não escrever sobre a minha vida porque isso faz com que me isole das pessoas... Nao acham que eles me deviam ajudar? Não acham que por uma vez na vida me deviam perguntar como estou? Ou... o que é que se passa contigo? Ou até mesmo perguntar como correu o dia na escola?
Eu acho que deviam, mas a verdade é que não o fazem. Toda a minha via fui assim, não digo sozinha, mas ... independente, e sem necessidade de amigos imaginários. Não me lembro de ser criança, não me lembro de viver a minha infância... Quer dizer, lembrar lembro mas pouco. Lembro-me de estar numa sala escura a olhar para uma televisão desligada, com um roupão cor-de-rosa. Essa é a minha memória mais viva da minha infância.
Mas voltando ao assunto, ontem disseram-me que nós (as pessoas especiais) não somos anormais, os outros, esses sim, são normais de mais. De qualquer forma, prefiro ficar perdida na minha anormalidade e ter alguma adrenalina na minha vida do que ser um ser banal e vazio como muitos que para aqui andam. 
Nunca fui normal nem quero ser. Prefiro ser o ser estranho que, no meio de conversas, pára apenas para ficar a observar quem está à sua frente. Prefiro ser o ser estranho que tem jeito para escrever e choca toda a gente com as suas palavras. Prefiro ser o ser estranho que escreveu o texto que está a ser lido agora. Até porque... Eu gosto de ser estranha.

2 horas e 55 minutos

 1... 2... 3... 4... Às 4 horas e 10 minutos da manhã. Foi a esta hora que eu acordei hoje. Quer dizer, não sei bem se acordei porque, sinceramente, não me lembro de ter dormido nada. E se dormi foram apenas 2 horas e 55 minutos. Sim, estou com umas olheiras enormes e provavelmente não vou aguentar o dia todo de pé.
Mas... Aposto que estão a perguntar o porquê de tudo isto. Qual terá sido a razão que me impediu de dormir? Estava tudo calmo, silencioso, escuro... Então, porque não dormi? 
Opá, não dormi porque... Penso. Muito. E não sou a única. Penso em cada palavrinha pequenina que escrevo no meu telemóvel em resposta às mensagens, que por sua vez, também são lidas letrinha por letrinha vezes e vezes sem conta, só para ter a certeza que as interpreto da maneira correcta. Consigo assim distinguir a maior parte dos sentimentos, emoções e reacções que tais palavras provocam, quer da parte de quem as lê, quer da parte de quem as escreve. 
Sei qual é o meu mal. Sei que falo de mais. Mas, ultimamente tenho sido invadida por uma Coragem tremenda e uma lata enorme para dizer tudo o que tenho que dizer a quem tenho que o dizer. A maior parte das coisas são boas, valha-nos isso, mas... falo de mais. É certo. 
Digo coisas que não devia, em alturas que NÃO devia... Falo literalmente coma pessoa "certa" na hora ERRADA.
Bem, o que está feito, está feito, isso é certo. Já não posso voltar atrás, mas... também não sei se queria.
Peço apenas desculpa a quem o disse, porque... Bem porque gosto muito de ti e tu sabes. Porque um dia... Bem... 

All of my songs

Because a heart that hurts is a heart that works,
I fight for the one of a kind.
And as the two of us rebel,
damn you all to hell.
I beg her "Don't leave me here, to cast through time,
don't leave me here my guiding light".
She tells me "Dry your eye, 'cause soulmates never die."
This shows that we ain't gonna stand shit
shows that we are united.
I've got the devil in the details, you say.
I don't care about it, so fuck you anyway.
And just to clear your mind
I'm gonna dance with him tonight.
I want to say "you picked me",
but the truth is that she's still out to get me.
How could we know we have found treasure
if her shadow is always with her?
I would like to know whataya want from me,
but you always tell me "It's in the water baby".
Come what may, I'll see you at the bitter end.

O Fim

Já alguma vez pensaste o que farias se soubesses que o mundo ia acabar? Já alguma vez pensaste nas pessoas de quem sentirias falta e nas que sentiriam a tua falta? Eu já. Penso nisso quase todos os dias, não o consigo evitar. Penso no que fiz de errado e de certo, no que ainda não fiz, mas gostaria de fazer, no que me arrependo de ter feito e no que nunca me arrependerei. Penso em quem amo, amei e gostaria de amar. Em quem odeio, odiei e me arrependo de ter odiado. Penso em mim, nos meus amigos, na minha família, nas pessoas que conheço, conheci e poderia vir a conhecer se o mundo não acabasse.
Para dizer a verdade, não penso apenas numa coisa que faria se soubesse que o mundo ia acabar, penso em milhões delas. Podia enumera-las todas, mas para isso iria ter de exceder o limite de palavras permitido neste ou em qualquer outro texto. Posso mesmo dizer que não há palavras suficientes para descrever o que faria. Gostava de cometer todas as loucuras possíveis. Gritar bem alto, cantar bem alto, dançar até cair para o lado!
Mas o que eu faria primeiro, por mais lamechas que possa parecer, era dizer à pessoa mais importante do mundo tudo o que sinto por ela. Agarra-la, beija-la, abraça-la e passar o máximo de tempo possível com ela. Segredar “Eu amo-te!” ao seu ouvido, sem esperar que ela me dissesse o mesmo de volta, mas sabendo, no fundo do meu coração, que ela o diria.
No fundo, se soubesse que o mundo ia acabar, aproveitava ao máximo todas horas, todos os minutos, todos os segundos do tempo que me restava. Porque se soubesse que o mundo ia acabar, ia ter contigo.

A minha "Ilusidade"

Hoje, pedi a alguém que me dissesse algo que me impedisse de chorar. Fui directa e concreta e pedi.
Entre piadas que me fizeram esquecer por momentos tudo aquilo que me assombrava, levantou-se uma questão: a realidade existe? A esta questão, responderam-me que... NÃO. Disseram-me que a realidade é apenas um conjunto de ilusões amontoadas na minha cabeça que criam um efeito de realidade. Mas no fundo, só estão lá porque eu acredito nelas... 
Então neste ponto da conversa questionei-me: se eu deixar de pensar nas "realidades" más e obscuramente dramáticas que assombram a minha cabeça, tudo fica bem e perfeito no meu mundinho. Baste continuar a acreditar nas "realidades" boas e ... tudo fica bem, certo? Errado. Porque supostamente são essas coisas, essas "realidades", más que dão sabor à vida... Sabor amargo, dizem vocês!? Não. Não se encontrarem o equilibrio perfeito entre tudo.
Depois de toda esta discussão sobre a realidade e a ilusão, ou a " ilusidade",  parei por uns momentos. Deixei de pensar e respirei três vezes.
Voltanto a mim, e como já era de esperar, a minha cabeça voltou a funcionar, mais rápida do que nunca... Tanto que até doía. Pensei que, se as ilusões más existem tem que haver uma razão e lembrei-me daquela já conhecida frase "cada um tem o que merece". Neste momento, todos as merdas possíveis e imaginárias que eu alguma vez fiz arrombaram as portas do meu cérebro e murmuraram ao meu ouvido que tudo o que tenho de mau, tudo o que me deprime, tudo o que eu quero mas não tenho ... tudo isso tem uma razão. Talvez vez eu não mereça ter o que quero, talvez eu não mereça ser feliz ou simplesmente estar bem mais do que um dia seguido. Talvez todos aqueles momentos de pequena felicidade que me são proporcionados em apenas determinados dias sejam amostras do que eu poderia ter se não fizesse tanta MERDA. 
E foi aqui, que outro alguém me disse que um dia eu iria ser feliz. Que tinha valor.
Acreditem ou não, ouvir isto no meio de um turbilhão de pensamentos maus é muito bom. Especialmente quando a pessoa que nos diz é igualmente especial e importante e consegue sempre, nos momentos mais estranhos, colocar um sorriso nos meus lábios.
É melhor eu ficar por aqui e esperar que o Peter Pan me venha buscar, e que me leve para a terra do nunca... 
Pssst: Ainda tenho a janela aberta. ;)